Relógio

terça-feira, 26 de abril de 2011

As Serpentes Estão Com Tudo.

Surpreenda-se com o universo que existe e cresce para as serpentes de estimação.


Ter uma serpente em casa como bicho de estimação pode parecer bastante estranho para a maioria das pessoas. Mas o fato é que cada vez mais esses antiqüíssimos répteis, cuja evolução tem origem nos lagartos, invadem os lares de quem procura por uma companhia diferente. Nos Estados Unidos, o convívio doméstico com serpentes pets - termo americano que designa bicho de estimação - cresce a passos largos. Há uma verdadeira indústria sendo movimentada em torno desse mercado. Existem inúmeros pet shops especializados em répteis que oferecem tudo e um pouco mais daquilo que é necessário para manter uma serpente feliz. Além das próprias serpentes, encontram-se terrários ideais com imensa variação de apetrechos decorativos, diversos tipos de alimentação e complementos vitamínicos. Robrey MacGuiness, proprietário de um desses paraísos para amantes de répteis, atesta: "Só na Flórida há mais de vinte lojas onde se pode achar um mundo de acessórios." No jornal publicitário Pet Product News PSM, dos EUA, a quantidade de propagandas anunciando produtos ligados ao setor surpreende aqueles que passam ao largo do sucesso desse hobby emergente. Tem de tudo. Ratos congelados para o banquete da mascote. Vídeos e livros didáticos que ensinam cuidados básicos sobre a alimentação, a saúde, o manuseio e o tratamento. Novidades em acessórios específicos, além dos próprios pets shops que divulgam os serviços de importação e exportação das serpentes. Existem revistas especializadas em répteis e em anfíbios. A maior delas, a Reptiles, com periodicidade mensal, tem três anos de vida. Com uma tiragem fantástica de 120 mil exemplares e cerca de 70 mil assinantes, as suas aproximadamente 120 páginas reservam 40 exclusivas para as serpentes - ou seja, um terço da publicação. Apresenta artigos variados. Desde assuntos ligados à vida desses animais no habitat natural, aos cuidados e a criação em cativeiro até ensaios fotográficos dos répteis em seus países de origem e perfis de pessoas famosas que optaram por esses exóticos rastejantes como companheiros, entre eles a Madonna e o ator Danny De Vitto. A última página é destinada aos leitores que contam curiosidades e histórias engraçadas sobre o convívio com répteis de estimação, como fugas do terrário e visitantes que levaram grandes sustos. Em entrevista a Cães & Cia, o editor chefe da Reptiles, Phillip Samuelson, estimou que 60% dos assinantes são proprietários de serpentes, comprovando que apreciadores não faltam para aquecer esse mercado.
O supermundo das serpentes domésticas nos EUA vai mais longe. Há clubes especializados em praticamente todos os Estados. São coordenados por uma entidade principal, na Califórnia, a American Federation of Herpetoculturist (Federação Americana dos Culturistas de Répteis), que promove exposições anuais. Phillip informou a Cães Cia, em julho, que no mês seguinte ocorreria a exposição do ano de 1996, em Orlando, na Flórida. As expectativas, segundo ele, eram de 15 mil visitantes e cerca de 400 expositores, que vendem e mostram os seus exemplares. "Não há qualquer tipo de premiação como em exposições de cães ou gatos, mas há quem conquiste, pela qualidade dos animais, o reconhecimento do público e uma clientela fiel", diz. Os clubes especializados se encarregam também de auxiliar os proprietários de serpentes que pretendem se desfazer delas, encaminhando-as a alguma instituição ou a pessoas interessadas.
No Brasil, o universo das serpentes como animais de estimação não se compara ao americano, mas existe e é crescente. Apesar de poucas, já há lojas que as vendem, assim como os equipamentos para o terrário e a alimentação adequada. No momento a importação de répteis está interrompida, mas há exemplares em algumas lojas. Há também duas condições básicas para a compra e a venda de serpentes no País. A primeira é que é proibido criar espécies peçonhentas (aquelas que têm dentes maiores e inoculadores de veneno na frente da arcada, chamadas popularmente de venenosas), que oferecem risco ao homem. A segunda, válida para todos os animais, impede a posse de espécies da nossa fauna, a menos que o Ibama a autorize. Mas, a realidade é diferente. Grande parte das pessoas que partilham o seu dia-a-dia com uma serpente por aqui, o faz com jibóias, espécies nativas. Esse é o caso de Fernando Legacy. Admirador de serpentes desde a infância e ex-estudante de biologia, tem um casal de jibóias num terrário no jardim. Uma delas é tão mansa que a equipe da reportagem de Cães Cia quase a pediu de presente. A serpente, com cerca de 1,5m de comprimento rodou pacificamente de mão em mão, sem mostrar o menor sinal de agressividade. Fernando explica: "Ela foi acostumada desde pequena ao cativeiro e ao manuseio humano; a outra já chegou mais velha, por isso não aprecia grandes intimidades." Esse é sem dúvida um dos grandes segredos para os pretendentes a dono de serpente: obtê-la bem jovem para que fique mais receptiva ao homem e não o entenda como uma ameaça. "O melhor é adiquiri-las assim que chegam ao Brasil", endossa o biólogo e proprietário da loja de animais Bioterium, Marcus Buononato, que trabalhou 13 anos no Instituto Butantã e importa serpentes. "A maioria vem com mais ou menos 30cm, apenas um pouco maior do que nascem." A serpente deve ser pega com movimentos suaves e lentos. Caso contrário, se assusta e pode dar um bote. E tomar uns botes faz parte do hobby. Que já levou atesta: praticamente não dói. "É como se fosse um espinho de planta", garante Fernando. "Dói menos do que picada de abelha", fala Marcus. É claro que eles se referem às mordidas das espécies usadas para estimação, que não têm dentes maiores e inoculadores na frente da arcada como as venenosas, que os cravam profundamente na pele da vítima. O problema maior do bote é o susto que o dono leva, podendo derrubar a serpente. E ela não pode cair, sob pena de quebrar a coluna ou ter um ferimento grave nos órgãos internos. "A musculatura das serpentes é muito elástica, mas não rígida o suficiente na região ventral para protegê-la de um tombo", afirma Marcus.
Quem adquire uma, dificilmente resiste à tentação de sair com ela, pelo menos uma vez, para ir a algum lugar público, ainda que seja andar até a esquina de casa. Há histórias engraçadas nesse sentido. Marcelo Gonzaga, que trabalha com instalação e manutenção de aquários e terrários, já teve várias serpentes. Entre elas, duas cobras-cipós que levava para a escola. "Juntava uma multidão", lembra. "A maioria das pessoas ficava com medo, mas outras queriam pôr a mão e faziam mil perguntas." Mesmo que pareça divertido, esse tipo de programa é totalmente contra-indicado para a serpente. Ela fica tão assustada com o tumulto que pode ter um estresse, adoecer e até acabar morrendo.
Um dos maiores desafios na criação é a hora da refeição. Serpentes comem animais. E não é qualquer um que lida naturalmente com isso. Marcus é testemunha. "Muita gente desiste de comprar quando em começo a falar da alimentação." Até o editor da revista Reptiles se rende a esse fato. "Adoro serpentes, mas prefiro ter répteis vegetarianos, como alguns lagartos." Mas para alegria dos - compreensivelmente - incapazes em fornecer animais vivos para a mascote, os pet shops que atuam no setor dispõem de ratos congelados. Esses até apresentam outras vantagens sobre os vivos. Por exemplo, não há risco de morderem e machucarem a serpente, o que muitas vezes ocorre. Tanto que quando o alimento é vivo não deve ser dado longe da vista de alguém, para que o socorro, se necessário, seja viável. Como o instinto de caçar está arraigado nas serpentes, talvez se torne preciso sacudir o rato congelado com uma pinça longa. Para aqueles que também se chocam com a refeição congelada, os americanos inventaram a solução ideal: uma espécie de salsicha, feito à base de fígado e balanceada de acordo com as necessidades nutricionais das serpentes. No entanto, o produto precisa ser importado sob encomenda, pois os pet shops nacionais ainda não o trouxeram. A quantidade de comida varia de acordo com a espécie e o tamanho do exemplar (veja quadro Serpentes de Estimação). Não se aconselha manusear a serpente enquanto faz a digestão, pois além de fazer mal a ela, há chances de estar mais agressiva. A porção semanal pode ser dada todo num dia só ou em intervalos regulares. Depende do proprietário. Marcus explica: se a serpente é muito manuseada é melhor que coma pouco e com mais freqüência, assim a digestão é mais rápida e não há risco de interrompê-la. Caso contrário, é melhor dar tudo num dia só, pois é assim que ela faz na natureza para reservar as suas energias.
Outro cuidado essencial é na hora da escolha da espécie. Marcus alerta para uma espécie argentina, caracterizada pelo focinho arrebitado e conhecida como "cobra cipó argentina", que tem sido contrabandeada e oferece risco ao homem. Opte pelas serpentes consagradas como de estimação (as abordadas nesta reportagem são as mais populares nos EUA, inclusive a jibóia que também é vendida lá) ou se informe com algum biólogo, caso desconfie da espécie ou de que a estiver oferecendo.

                                                   Medo Antigo
Ter uma serpente exige antes de mais nada um requisito essencial por parte do candidato a proprietário. Ele deve necessariamente pertencer à minoria da população que não nutre algum sentimento de repulsa em relação a tais animais, seja medo, nojo ou aflição. Não é de estranhar que esse fator, ainda que pouco a pouco vá amenizando a sua força, seja o maior obstáculo para a popularização deles como pets. Um dos proprietários de uma das grandes lojas especializadas em répteis em Nova York, nos EUA, Dan Ferrena, em entrevista ao jornal Pet Products PSM, traçou o perfil de quem opta por esse animal. "O nosso cliente é aquele que deixou no passado todos os medos e mitos que envolvem as serpentes", comenta. "Ainda há muita gente que as considera demoníacas ou coisas assim. Esse é sem dúvida o nosso maior complicador, mas que pode ser sanado com um mínimo de conhecimento sobre a vida desses animais." Outro dono de um pet shop americano, Mike Hoffer, que trabalha com a venda de serpentes há mais de vinte anos analisa que o crescimento da procura por esses répteis vem em grande parte da maior "educação" sobre eles que vem ocorrendo nos últimos tempos. "A aceitação cada vez maior das serpentes, assim como dos lagartos e dos anfíbios é o resultado dos vários programas educativos da televisão, que são veiculados com freqüência e nos quais se esclarecem os hábitos e a importância deles no ambiente", fala. "Isso melhora a reputação desse bichos e aumenta a sua comercialização."
É bom mesmo que tais programas garantam espaço, pois a cultura ao medo de serpentes nasceu junto com a humanidade. O que não faltam são lendas para difamá-las. Sonhar com uma, por exemplo, é tido na crença popular como sinal de traição. Sem falar nos incontáveis mitos e superstições que as acompanham ao longo das civilizações. Na história da Criação, Adão e Eva foram seduzidos pela serpente, que virou sinônimo do demônio. Foram também muito associadas a causas de doenças. Alguns povos antigos acreditavam que as pessoas enfermas estavam com o "espírito da serpente incorporado". Tanta fantasia tem lá a sua razão de ser. Afinal, existem serpentes venenosas que desde sempre representaram uma ameaça em forma de armadilha ao homem. Camufladas na mata, podem pegar qualquer um de surpresa. Como a distinção entre espécies perigosas e não perigosas é coisa de especialista, o medo generalizou-se para toda e qualquer serpente. Mas não é bem assim. Só para dar uma idéia, das aproximadamente 2700 espécies existentes no mundo, cerca de duas mil não são consideradas venenosas. Ou seja, por volta de 74% não oferecem risco ao homem. Tanto que parte delas hoje virou pet. Vale registrar, que as serpentes sempre colaboram para o planeta não estar insuportavelmente infestado de ratos. Esses sim, proliferadores de doenças extremamente perigosas ao homem.

                                                    Ambiente Ideal
O ambiente ideal para uma serpente é aquele que melhor reproduz as condições do habitat natural. Como são animais de sangue frio e imprescindível a instalação de uma fonte de calor. Há várias opções no mercado. As mais comuns são as rochas aquecidas, ou seja aquecedores disfarçados de pedra, cuja vantagem sobre outros equipamentos de gênero é apenas de ordem estética. A temperatura do terrário não deve ser inferior a 20 graus, sob pena de colocar a saúde da serpente em jogo. Use um termostato para controlar isso. A fonte de calor não é desligada nunca. De preferência, é colocada em uma das extremidades do terrário. Na outra, para contrabalançar a área quente, é preciso uma fonte de umidade. Basta colocar uma vasilha de água, feita de algum material, como plástico ou cerâmica. Como existem serpentes originárias de regiões mais ou menos úmidas, o grau de umidade relativa do ar necessário varia em função da espécie (veja quadro Serpentes de Estimação), e deve ser adequado, aumentando ou diminuindo a quantidade de água. Daí a importância de um higrômetro, aparelho medidor de umidade, encontrado em pet shops. A iluminação deve ser semelhante à luz solar, com emissão de raios UV-A e UV-B. O ideal é equipar o terrário com lâmpadas fluorescentes, que oferecem ambos os raios. As incandescentes, também encontradas no mercado, só emitem os UV-A . À noite, devem ser desligadas. Serpentes gostam de ficar escondidas, principalmente as de hábitos noturnos. Não deixe de construir um abrigo e de colocá-lo próximo à fonte de calor. Pode ser feito com cascas de eucaliptos, mas existem cavernas aquecidas específicas para isso. A forração do terrário varia em função do gosto do proprietário. Jornal, pedrinhas ou areia, tudo vale. Só não se usa serragem. A serpente ao se alimentar pode engolir pedaços pontiagudos, machucando as mucosas internas. Marcus Buononato indica uma regra prática para determinar as medidas ideais do terrário em função do tamanho da serpente adulta. A largura e altura devem ser iguais à metade dela. O comprimento nunca deve ser inferior ao da espécie. O mais recomendável é que seja 50% maior. "Com essas medidas, é possível abrigar até um casal", fala. O mais comum é que o terrário seja um aquário, do tipo usado para peixes. A tampa é de tela resistente, para permitir a respiração. Para serpentes muito grandes, aquelas que ultrapassam os dois metros, o melhor é optar por um alambrado, como um viveiro para pássaros. Caso fique ao ar livre, não é necessária a iluminação artificial. Cubra parte do teto com algum material transparente como telha plástica ou de fibra de vidro. A outra, deixe apenas com a tela. Assim, existe a opção de a serpente tomar chuva ou banhos de sol. Seja um "aquário" ou um "viveiro", não esqueça de colocar uma trava no local por onde é aberto, para evitar fugas. A ornamentação fica a critério de cada um. Pode-se usar plantas de interiores ou galhos secos, que são úteis por cumprir três funções. Além de decorar o ambiente, permitem que a serpente se exercite e se esfregue para auxiliar a troca de pele, que ocorre várias vezes por ano.

                                                      Acasalando

Conforme explica o biólogo e pesquisador do Instituto Butantan, Giuseppe Puorto, não é possível identificar visualmente o sexo das serpentes tidas como não venenosas. É preciso realizar um exame de identificação do sexo (sexagem). Os pet shops que trabalham com acessórios para répteis costumam ter o equipamento para fazê-lo ou mesmo para vender, ensinando ao comprador como usá-lo. Ainda segundo Giuseppe, a reprodução em cativeiro não é difícil, desde que se sigam as condições básicas de temperatura, umidade, alimentação e espaço do terrário. As serpentes atingem a maturidade sexual entre os dois e três anos. O órgão sexual do macho, chamado de hemipênis, é interno e composto por duas estruturas bifurcadas situadas, cada uma, em uma das laterais da parte ventral da cauda. Na hora da cópula, o macho se coloca paralelamente à fêmea, se enrola nela, e introduz uma das estruturas na região da cloaca. Aí, ele vibra o corpo todo e bombeia o esperma. O acasalamento costuma durar de 6 a 12 horas, mas às vezes ultrapassa um dia inteiro. A época da reprodução é de agosto a outubro. O tempo de gestação varia entre as serpentes. Genericamente, demora de dois a seis meses (veja quadro Serpentes de Estimação). Até algum tempo atrás, as serpentes eram classificadas em três grupos com referência ao tipo de gravidez: as ovovivíparas (a fêmea bota os ovos com os filhotes já inteiramente desenvolvidos dentro deles); as ovíparas (os ovos são colocados sem que os filhotes estejam formados) e as vivíparas (não há ovos; nascem os próprios filhotes). Hoje, conforme elucidaram os herpetólogos Giuseppe e Silvia Regina Cardoso discutem-se os conceitos de ovovivípara e vivípara no meio científico, sendo que há quem considere um ou outro como incorreto. O número de ovos ou filhotes também depende da espécie. A mãe serpente não cuida da prole. Ela já nasce sabendo caçar e sobreviver sozinha. Não há muitos cuidados especiais com a ninhada. Coloque-a separadamente dos adultos. Os filhotes, de preferência, devem ter cada um ou dois uma "casa própria". A convivência grupal é mais complicada. São vários os motivos. O primeiro é que após uns três meses o tamanho do terrário que foi projetado para um máximo de dois habitantes ficará insuficiente. O segundo é que na disputa de alimento, os mais lentos podem sair prejudicados. Além disso, como exemplifica Marcus Buononato, caso dois filhotes tentem comer o mesmo alimento, um pode acabar mordendo o outro. A última razão para separá-los é a espécie. Se for um ofiófaga, isto é, aquela que aprecia comer outras serpentes, como a King Snake, há um risco óbvio, caso alguma sinta fome.

                                            Serpentes de Estimação
As espécies mais populares usadas para estimação pertencem a duas das onze famílias nas quais as serpentes são divididas: a dos Boídeos e a dos Colubrídeos.
 
                                                           Boídeos 
É a família mais primitiva de serpentes, cujos fósseis indicam sua existência no período cretáceo, há cerca de 146 milhões de anos. Apresentam até hoje vestígios de membros posteriores, chamados de unhas ou esporões na linguagem popular, situados ao lado da cloaca. Comprendem cerca de 95 espécies, entre elas as ditas serpentes gigantes, as maiores do mundo. Todas apresentam a dentição áglifa. Isto é, ausência de dentes maiores (cientificamente denominadas de presa de veneno ou dentes diferenciados). Por isso não são consideradas peçonhentas. São serpentes pouco ativas durante o dia. A gravidez dura entre 5 e 6 meses.

                                                        Colubrídeos
É a família mais numerosa entre as 11 existentes. Abrange mais de 2 mil espécies no mundo. Ou seja mais de 74% do total estimado de 2700. Apresentam dentição áglifa, como nos Boídeos, ou opistoglifa. Isto é, o dente maior e inoculador existe, mas é situado bem no fundo do maxilar, o que dificulta a inoculação do veneno. São classificadas como não peçonhentas. A gravidez perdura entre dois e quatro meses.

                                                    Python Burmese
Ela é a maior das serpentes usadas como pets. Há exemplares que ultrapassam 8 metros, ainda que isso leve mais de dez anos. Nascem com 30 ou 35 centímetros. No segundo ano, já atingem a marca dos 1,80 metros. Até alguns anos atrás ela ocupava o lugar da Ball na preferência dos americanos. Pelo tamanho avantajado e baixíssima agressividade, é muito usada em shows e espetáculos. Encontrada nas florestas indianas, é de hábitos crepusculares. Devido ao tamanho gigantesco, é melhor que viva em terrário externo. A umidade relativa deve girar em torno dos 80%. É aglifa e ovípara, botando até 30 ovos.
Alimentação aproximada por semana:
  • filhote: 1 camundongo adulto
  • 1ano: 2 ratos adultos
  • após 2 anos: 9 ratos ou 3 coelhos.

                                      Ball Python Africana
Essa serpente, segundo Robrey Macguiness, dono de um dos maiores pet shops especializados em répteis nos EUA, é a mais vendida como bicho de estimação por lá. Tranqüila, disputa com a Burmese, o título de mais receptiva ao manejo. No entanto, conforme disseram os entrevistados americanos, é também a que mais se estressa em cativeiro. Por isso é bom ficar de olho, pois ela pode recusar comida por meses e acabar doente. Originária de países do Centro-Oeste africano, tem a característica de se enrolar e colocar a cabeça no centro do corpo, como se fosse uma bola (veja a foto). Daí o nome "ball", que em inglês é bola. Nasce com cerca de 20cm. Ao final do primeiro ano já mede por volta de 65cm. O comprimento máximo é entre 1,10 e 1,20m, o que a torna uma das menores Pythons das quais se tem notícia. Apresenta dentição áglifa. É ovípara e coloca de 4 a 7 ovos. A umidade relativa para o seu terrário deve ser próxima aos 60%.
Alimentação aproximada por semana:
  • filhote: 1 camundongo jovem
  • 1 ano: 2 camundongos adultos
  • após 2 anos: 2 ratos adultos. 

                                                  Jibóia
Existem duas subespécies de jibóia. São as mais comuns como serpentes pet no Brasil. Por existirem em nossa fauna, é proibido tê-las em cativeiro, a menos que se consiga autorização do Ibama. Entre as serpentes abordadas nessa reportagem é a segunda de tamanho maior, só perde para a Burmese. No Brasil, também recebe o segundo lugar em gigantismo, entre as cerca de 230 espécies que temos. Nasce com cerca de 30cm. Alcança 90 no primeiro ano e pode ultrapassar os três metros. Acostuma-se facilmente ao manuseio. Por isso, a exemplo da Burmese é bastante solicitada para shows. A subespécie que habita o Sul e Sudeste prefere umidade ao redor dos 60%. Já a amazônica requer umidade de 80%. Alguns biólogos as consideram vivíparas e outros, ovovivíparas. Podem ter de 30 a 60 filhotes, embora menos da metade atinja a maturidade sexual. A dentição é áglifa.
Alimentação aproximada por semana:
  • filhote: 1 camundongo jovem
  • 1 ano: 2 ratos adultos
  • após 2 anos: 3 ratos ou 1 coelho.

                                  King Snake ou Milk Snake

Essas são espécies de hábitos ofiófagos, ou seja, que comem também outras serpentes. São as mais ativas entre as serpentes abordadas nessa reportagem. Daí o editor chefe da revista Reptiles, Phillip Samuelson, dizer que são indicadas para quem quer uma serpente que se movimente bastante, em vez de ficar paradona. Englobam cerca de sete espécies. Geralmente possuem colorido brilhante. Algumas com anéis negros, brancos, vermelhos ou amarelos, lembrando as famosas corais. Conhecidas também como North American King Snakes, são achadas desde o Sudeste do Canadá até o Sul do México. São as que mais estranham a manipulação humana. Daí a maior importância de acostumá-las com isso desde pequenas. Nascem com cerca de 25cm. Com um ano beiram os 80 e quando adultas podem chegar perto de dois metros. São ovíparas. Colocam de 10 a 30 ovos. A dentição é opistoglifa, e a umidade ideal é de 70%.
Alimentação aproximada por semana:
  • filhote: 1 camundongo recém-nascido
  • um ano: 2 camundongos jovens
  • após dois anos: 3 camundongos adultos

                                          Corn Snake
Nome genérico dado a cerca de 24 espécies, muito encontradas nos milharais dos campos norte-americanos, canadense e mexicanos. Por isso são chamados de corn, que significa milho em inglês. Foram as primeiras serpentes comercializadas como pets nos EUA, pois se reproduzem muito facilmente em cativeiro. Ativas, movimentam-se mais no período da manhã. A umidade ideal é de mais ou menos 60%. Nascem com aproximadamente 25cm. As adultas podem chegar a 1,80m, mas o comum é que não passem de 1,5. Têm dentição áglifa. Ovíparas, botam até 20 ovos.
Alimentação aproximada por semana:
  • Igual à da King.

Lembre-se, jamais maltrate de um animal, ao contrário de Amor e Carinho que você receberá o mesmo em troca.

Nenhum comentário:

Postar um comentário