Relógio

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Jabutis no Brasil



Ainda que aqui não existam entidades especializadas em jabutis e tartarugas, não há dúvida de que eles estejam no topo da popularidade quando o assunto é réptil de estimação. E no que se refere especificamente aos jabutis, o momento é pra lá de especial.
Dá-se o seguinte: o Ibama suspendeu por tempo indeterminado a importação de répteis estrangeiros. Também não há registro de ninguém que os crie no Brasil.
Conclusão óbvia: hoje, no País, para se adquirir um réptil legalmente como pet só nos restam as espécies nacionais em torno das quais já exista criação comercial autorizada pelo Ibama. É aí que entram os jabutis.
Por enquanto, em solo verde-amarelo, eles são os únicos entre todos os répteis que já possuem criadores aptos a vender seus exemplares como bichos de estimação. São poucos, lá isso é verdade. Precisamente, dois. Mas é um começo.
Ambos da Bahia e apaixonados por jabutis, José Juracy de Oliveira Pereira, do criadouro Santa Cruz, em Queimadas, e Aroldo Borges Carneiro, do Sítio Santa Rita, em Baixa Grande, praticamente passaram a vida ao lado dos jabutis. "Faz 30 anos que os tenho e os reproduzo", descreve Pereira", que está autorizado a vendê-los desde 1997, quando foi baixada a portaria que regulamenta o comércio de silvestres nacionais.
"É um bicho bom de ter; é sossegado, agradável de olhar, come pouco, bebe pouco, não dá trabalho", completa ele, com a experiência de quem tem - acredite se quiser - 2.490 jabutis, sendo mil filhotes e disponíveis para o comércio. Já Carneiro iniciou suas vendas no ano passado, mas - considerando-se a longevidade dos Quelônios - é certo afirmar que alguns dos seus atuais 2.300 exemplares testemunharam-no empinando pipas e jogando pelada quando era, somente, um garotinho. "Desde os 8 anos de idade tenho jabutis", conta ele.
"Tudo começou quando fui pegar uma fruta numa árvore e lá encontrei cinco jabutis; aí levei-os para casa e nunca mais parei", lembra Carneiro, que, no momento, tem 1.500 jabutizinhos prontos para ser vendidos.
Além de atenderem ao consumidor final, nossos dois criadores pioneiros também começaram a abastecer os pet shops credenciados pelo Ibama à revenda. Até a data em que esta reportagem estava sendo finalizada, seis deles já estavam revendendo os jabutis e um aguardava a chegada do primeiro lote de exemplares (veja lista das lojas em Para Saber Mais).
"Tem sido um sucesso absoluto, muitas pessoas têm se interessado e comprado os jabutis, principalmente após saber que são legalizados pelo Ibama", comenta o biólogo e proprietário da loja Bioterium, de São Paulo, Marcus Buononato, o primeiro a revender os jabutis no Brasil.
Conforme exigência do Ibama, os exemplares, todos filhotes, vêm microchipados. "Essa é a garantia de que os bichos nasceram em cativeiro e não foram pegos na natureza", explica Buononato.
Vendidos por preços entre R$ 100,00 e R$ 140,00, os exemplares disponíveis para compra estão com cerca de 12 meses de vida e ao redor de sete centímetros de diâmetro. Se tratados devidamente, poderão alcançar por volta de meio metro e viver mais de 80 anos (veja quadro Como Manter e Criar).
"É exigido que os compradores recebam nota fiscal e um documento informativo, constando todas as características e exigências de tratamento dos jabutis, e ressaltando que os animais não devem ser soltos na natureza", esclarece o coordenador de fauna do Ibama em Brasília, Francisco Neo.
"Também é obrigatório que preencham uma cadastro, no qual constarão vários de seus dados pessoais e que ficará de posse do vendedor", detalha Neo.
Essas medidas visam possibilitar ao Ibama o controle do bem-estar dos animais domiciliados e também a proteção da fauna. "Sabendo com quem e onde estão os animais podemos, se for o caso, verificar se estão sendo mantidos em condições adequadas", explica Neo.
"Também é uma forma de desestimularmos a soltura desses bichos na natureza, o que poderia causar um grave desequílibrio ecológico", acrescenta ele.

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